Alugar ou comprar? Inquilinos por opção!

O “sonho da casa própria” ainda é um grande desafio de muitos brasileiros. Existe uma emoção envolvida, um senso coletivo e cultural de que todo mundo precisa ter seu imóvel para se sentir seguro. A casa própria ainda é vista como sinônimo de sucesso e ascensão social. Mas, a que preço?

Será que investir num imóvel próprio é mais importante do que em educação, formação profissional e cultural, empreendedorismo…?

 Será que somos incentivados a “comprar” o nosso imóvel no momento certo de nossas vidas e da maneira mais inteligente?

Casal sonhando com a casa própria

Apesar de dados do IBGE apontarem que cerca de 75% dos brasileiros possuem casa própria, há nos jovens adultos um desapego em adquirir um imóvel. Principalmente porque os potenciais compradores buscam cada vez mais novas experiências, formação compatível com os novos desafios do mundo, e liberdade para mudanças.

Muitos são os fatores a serem analisados antes de uma orientação ao que cabe melhor na vida de cada pessoa quanto à moradia. Mas uma coisa é certa: se a sua opção de comprar for financiamento, vale mais ainda ficar atento à comparação com o aluguel.

Estes são alguns pontos fundamentais que são levados em conta nesta decisão:

Qualidade de vida

Muitas pessoas priorizam morar perto do trabalho, da faculdade ou num local com transporte público mais eficiente. Esses fatores acabam descartando para muitos o sonho da casa própria. Quanto tempo vou perder no deslocamento diário? Quais as minhas opções de lazer no bairro ou próximo de onde vou morar? As respostas para essas perguntas acabam levando à opção de alugar. Para quem valoriza a qualidade de vida, alugar deixa de ser sinônimo de “jogar dinheiro fora”. Nesse caso o mercado de locação agradece, porque ajuda a reequilibrar a demanda com a oferta atual. Leia aqui 5 super dicas para alugar um imóvel.

Cidadão do mundo

 O mundo atual é mais dinâmico e diferente do mundo das gerações anteriores. A forma das pessoas se relacionarem com o trabalho, com as outras pessoas e com o mundo mudaram muito. O cidadão inserido nesse novo cenário global muda com mais frequência de: empresa, projeto, relações pessoais, cidade, estado e país. Esse cidadão e essa família moderna pertencem ao mundo e não mais à uma vizinhança específica. Esse fenômeno é mundial e tem alterado significativamente a forma das pessoas encararem a moradia por aqui também.

Financeiro

Para quem depende de financiamento imobiliário, o custo efetivo pago pelo imóvel seria aproximadamente o dobro do valor à vista após 30 anos de financiamento (considerando uma taxa de juros de 9% ao ano e uma entrada de 20% do valor do imóvel). Esse cálculo leva em consideração o sistema SAC, o mais recomendado e utilizado atualmente. Neste sistema as parcelas iniciais são maiores e vão reduzindo até o final do parcelamento.

Deve-se levar em consideração que no exemplo acima as parcelas iniciais serão de aproximadamente 0,85% do valor do imóvel e que um imóvel semelhante teria um custo de aluguel de aproximadamente 0,35% ao mês. Com isso, se optar pelo aluguel a pessoa poderia investir o valor da entrada e mais as diferenças mensais entre o valor do aluguel e o das prestações, utilizando investimentos seguros e com rentabilidade positiva sobre a inflação (como alguns fundos de renda fixa e o Tesouro Direto).

Com os juros dos investimentos trabalhando a seu favor (enquanto os dos financiamentos trabalham contra), você teria boas possibilidades de atingir o valor total do imóvel antes do prazo de 30 anos (mesmo pagando aluguel). É claro que tudo isso depende de alguns fatores econômicos e da valorização dos imóveis, mas ao menos você estaria em uma fase da vida mais madura para definir o local e o tamanho de sua moradia “permanente”.

Como a disciplina financeira é um problema crônico do brasileiro, uma boa alternativa é utilizar o valor poupado para pagamento de um consórcio imobiliário, que ajudará como uma “poupança forçada” e tem um custo financeiro infinitamente menor do que o financiamento imobiliário.

Conclusão

Apesar de não existir uma opção totalmente certa ou errada na decisão sobre ter uma casa própria ou alugar, nossa sociedade vem entendendo que a decisão por alugar não é mais tão marginalizada como no passado. O fato de existirem muitos inquilinos por opção e não por necessidade vem mudando também significativamente a relação entre proprietários e inquilinos, que passam a ser vistos mais como clientes.

Mary Fernandes e Marcus Antonius

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